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"...Enquanto ensinarmos que o mundo é um lugar a ser evitado, que as mazelas humanas são fruto da ausência de Deus, que Deus não ouve os pecadores, que só a igreja evangélica é que detém os "diretos autorais" da salvação, que ser forte e inabalável é sinônimo de fé e que ser pecador é ser inimigo de Deus então ainda não entendemos o plano da salvação e o evangelho de cristo rebaixado apenas á mais uma religião...."

sábado, 13 de outubro de 2012

A falácia em torno do sonho de José

O que deveras me assombra em absolutamente todos os sermões(?) pregados por preletores pentecostais e neopentecostais, baseados na história de José, é que eles insistem que José sonhou. Não, entenda. Eles dizem que José efetivamente quis sonhar, que realmente tencionou/objetivou ser maior que seus irmãos e reverenciado por estes.

Nada mais tresloucado.



José teve um sonho como muitos de nós temos. É tão absurda a conclusão burlesca a que chegam tais pregadores que o assalto à razão e à lógica é assombroso. Dizem eles: sonhem como José sonhou! Deus irá realizar os seus sonhos como fez com José!

É de uma infantilidade sem precedentes afirmar isto. É utilizar uma história que possui um nexo pessoal de profunda pedagogia espiritual e transformá-lo num jumento a cargo da vaidade pessoal, levando consigo toda a conotação usurpante da glória de Deus.

José nunca quis ser maior que seus irmãos, nem ser admirado por eles. Era um rapaz normal, que prezava pelo obediência a seu pai e respeito a seus irmãos. Não tinha vaidades tão grandes a ponto de querer (olha só que loucura) ser governador do Egito. Sim, é loucura porque em hipótese nenhuma de circunstâncias normais poderia aquele hebreu ser elevado ao mais alto cargo do império, depois de Faraó.

O grande segredo é que, a todo momento, queremos colocar a Palavra a desserviço de Jesus e a alocarmos para a consecução de nossos desfrutes futuros. Sem piedade e sem pudor algum, queremos até mesmo tomar a história de um humilde jovem hebreu que nada mais queria que obedecer a seus pais e a Deus e fazê-la uma história nossa, a serviço das orgulhosas vontades latentes.

O que aconteceu a José foi um ato, segundo os ateus, de mera sorte/coincidência, e, segundo nós cristãos, de manifestação pura da misericórdia de Deus. Em nenhum momento da narrativa bíblica José quer ser o que se tornou um dia.

Baseado nesse interessante fato, fico a pensar se, para efeito de glórias terrenas, o melhor meio de consegui-las sem agredirmos a soberania e santidade de Deus não seria nunca as desejarmos.    

Por fim, existe uma passagem bíblica que diz "nem olhos viram, nem ouvidos ouvirão nem jamais chegou ao coração do homem o que Deus tem preparado para aqueles que o amam".


Talvez seja mesma a límpida expressão da verdade a interpretação desta passagem a seguinte: Deus preparou para mim algo tão bom, tão maravilhoso, que jamais poderei um dia desejá-lo em meu coração. Se chegar esse dia é porque há um resquício de vaidade minha, a qual não terei jamais como negar. 


Publicado no IDE -  Iconoclastas do Evangelho
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