2011 chegou! Sou grato a Deus pela vida, pela família e por não ter problemas, não porque não os tenha, mas porque tenho aprendido a ver as coisas por um outro ângulo e ter a consciência de que problema que se resolve com dinheiro não é problema. Ah... também agradeço pela amnésia de Deus em relação aos meus pecados.
Apesar de passar, como sempre, a virada de ano na igreja, dessa vez foi diferente. Sinto um grande alívio nos ombros, conheço a liberdade em Cristo e abandonei costumes e rituais de outrora. Não fui constrangido a escrever num papel os meus sonhos para lembrar a mim e a Deus das “promessas”. Não tive que suar pra preencher uma lista com 10 coisas a conquistar em 2011. Nem exigi de Deus nada em especial. Não tenho a idéia de que dependo de alguma palavra profética para viver debaixo dela no decorrer do ano, e sabe, isso me deixa impressionado como as pessoas dependem de outrem para viverem, vivem sob a “revelação” de outra pessoa, como o povo fazia com Moisés e Abraão. Dependentes de homens, se esquecem que hoje o cabeça é Cristo! São contemporâneos do profeta Jeremias que não conhecia a revelação individual e pessoal de Deus a todos sem distinção; não tinham a Cristo:
Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR
E assim como no oriente existe a cultura de anos temáticos como o ano do dragão, o ano da Fênix, ou qualquer outro, aqui também temos nossos temas: Ano de Elias, de Abraão, Isaque, ano de restituição, ano de conquista, ano da salvação. Encaixotamos Deus em nossos temas e O amarramos em nossas ambições e projetos pessoais.
O engraçado é que eu nunca ouvi falar que alguma igreja tenha dito que o próximo ano seria o Ano do arrependimento ou Ano da humilhação, ano da ajuda ao necessitado, ao suporte á viúva, ano da mudança de valores. Ano em que vamos nos preocupar com vidas da mesma forma com que nos preocupamos com almas.
Sempre o próximo ano vem acompanhado de frases de efeito que somem na mesma velocidade em que somem os panetones das prateleiras: “Esse ano será o melhor ano de sua vida!” , “você vai conquistar em um ano o que não conquistou em dez”.
É claro que para que isso aconteça é necessário um sacrifício extra de final de ano. Para isso use o 13º salário. Também não se esqueça de participar da campanha dos doze dias para conquistar o ano, senão as frases não funcionam. Se você faltar no dia referente ao mês de maio, por exemplo, saiba que nesse mês as coisas não darão muito certo, você pode bater o carro, ficar doente ou desempregado.
Alguém pode dizer que não sonho, que não planejo, que não tomo posse. Mas este tipo de coisa é apenas educação mental. Planejar não funciona porque não tenho domínio nem sobre o próximo segundo de vida, quanto mais sobre os próximos 365 dias!
Minha vida está nas mãos de Deus e não nas minhas. Apenas correspondo com minhas notas e acordes ao Maestro da vida; e não quero essa função pra mim.
Ninguém na bíblia planejou o futuro nem o que seria no ano seguinte. João não chegou ao final do ano e disse: “No ano que vem quero ser exilado numa ilha cheia de feras e cobras e quero receber uma revelação do tempo futuro, e quero que a chamem de Apocalipse ” - Moisés não chegou um dia e planejou: “Acho que vou abandonar minha cultura e guiarei por 40 anos pelo deserto um povo rebelde à liberdade, quero fazer uns sinais para isso, uns dez devem bastar, e no final quero morrer sem nem pisar na terra prometida.” – Paulo não fez uma lista de coisas-a-conquistar-no-ano, tipo: Naufrágios, chicotadas, apedrejamentos, fome, nudez.... Com certeza ele não seria muito bem visto em nossas festas de fim de ano.
Não quero desencorajar a ninguém a planejar a vida, apenas quero fazê-los refletir sobre as algemas dos rituais, positivismo e antropocentrismo que estão cada vez mais apertadas nas mãos de um povo se acha livre.
Por isso não me pergunte qual é o tema do ano para mim, isso não é visão; e a minha visão está na bíblia. Jesus tem preeminência sobre Moisés, Abraão ou quem quer que seja. Também não me convide para campanhas do tipo “12 dias para 12 meses de vitoria” porque a vitoria não depende de ter participado de um culto no começo do ano que me garantiu conquistas antecipadas. Também não me pergunte qual é a palavra profética sob qual estou, porque a resposta será muito simplista: O Evangelho
2011 ano apostólico de Jesus Cristo
Sola Gratia