Não querido leitor, eu não inverti o título do artigo! Apesar de conhecer algumas dezenas de versículo que falam sobre a justiça de Deus, ainda assim posso afirmar que vivemos sob a injustiça de Deus.
Estamos acostumados com o senso de justiça humano, com o certo e o errado, com o merecer e o não merecer, com o justo e com o injusto.
Tomo minha vida cotidiana comum como exemplo: Se meus filhos pedem alguma coisa que é muito importante pra eles eu logo pergunto: “Vocês estão merecendo? Brigaram durante o dia; obedeceram a mamãe? Senão nem adianta vir pedir alguma coisa!”
Passo em frente á uma loja de roupas e penso: “Minha mulher está merecendo uma roupa nova!”; após 2 horas no trânsito de São Paulo logo penso: “Eu merecia morar mais perto do trabalho!” e a meia noite num sábado deitado na cama tentando dormir mas ouvindo o forró em alto volume do bar em frente de casa, me pergunto (já sabendo a reposta): “Deus eu mereço isso?”
Sempre merecemos um trabalho melhor, um salário melhor, um carro, uma casa, um casamento , uma vida melhor. Trabalhamos e nos esforçamos para, com justiça, conseguirmos algo melhor. Se alguém faz algo errado a nossa justiça entra em cena e pede punição, cadeia ou até pena de morte.
Essa é a justiça humana. Somo justos e tratamos com justiça!
Mas no Reino de Deus, aquele mesmo Reino que pedimos que nos venha na oração do Pai nosso, não é assim. Uma nova definição de justiça emerge em meio ao nosso oceano de “integridade”.
Uma justiça que não pune o culpado, que ouve o infrator, que perdoa 490 vezes o recorrente, que estende a mão á mulher adúltera, que festeja a volta do pródigo, que cola de volta a orelha do inimigo, que ama o perdido e que salva aqueles que o estão pendurando numa cruz!
Veja essa linda demonstração de injustiça em Mateus 20:
Jesus disse:
– O Reino do Céu é como o dono de uma plantação de uvas que saiu de manhã bem cedo para contratar trabalhadores para a sua plantação. Ele combinou com eles o salário de costume, isto é, uma moeda de prata por dia, e mandou que fossem trabalhar na sua plantação. Às nove horas, saiu outra vez, foi até a praça do mercado e viu ali alguns homens que não estavam fazendo nada. Então disse: “Vão vocês também trabalhar na minha plantação de uvas, e eu pagarei o que for justo.”
– E eles foram. Ao meio-dia e às três horas da tarde o dono da plantação fez a mesma coisa com outros trabalhadores. Eram quase cinco horas da tarde quando ele voltou à praça. Viu outros homens que ainda estavam ali e perguntou: “Por que vocês estão o dia todo aqui sem fazer nada?”
– “É porque ninguém nos contratou!” – responderam eles.
– Então ele disse: “Vão vocês também trabalhar na minha plantação.”
– No fim do dia, ele disse ao administrador: “Chame os trabalhadores e faça o pagamento, começando com os que foram contratados por último e terminando pelos primeiros.”
– Os homens que começaram a trabalhar às cinco horas da tarde receberam uma moeda de prata cada um. Então os primeiros que tinham sido contratados pensaram que iam receber mais; porém eles também receberam uma moeda de prata cada um. Pegaram o dinheiro e começaram a resmungar contra o patrão, dizendo: “Estes homens que foram contratados por último trabalharam somente uma hora, mas nós agüentamos o dia todo debaixo deste sol quente. No entanto, o pagamento deles foi igual ao nosso!”
– Aí o dono disse a um deles: “Escute, amigo! Eu não fui injusto com você. Você não concordou em trabalhar o dia todo por uma moeda de prata? Pegue o seu pagamento e vá embora. Pois eu quero dar a este homem, que foi contratado por último, o mesmo que dei a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com o meu próprio dinheiro? Ou você está com inveja somente porque fui bom para ele?”
Na justiça humana o que trabalhou metade do dia só receberia metade do salário e o que trabalhou só uma hora, no máximo, receberia umas moedas para o lanche e não o mesmo pagamento de quem trabalhou o dia inteiro.
Mas essa é a justiça de Deus que recompensa a todos da mesma forma, não há pessoas mais importantes que outras. Nós é que fazemos essa separação entre pessoas mais importantes, as mais ou menos santas, entre as que merecem honra das símplices inotáveis. Achamos que o pastor que tem a igreja maior é melhor do que o que tem uma pequenina igreja, achamos que a pessoa que tem um carro melhor tem mais fé do que o que anda de ônibus, ou que existam classes especiais de pessoas como papas, patriarcas, apóstolos, bispos, pastores ou diáconos. Isso, no máximo, são funções no reino e não significam que essas pessoas são melhores do que os ladrões, adúlteros, homossexuais e prostitutas. Porque TODOS pecaram e estão destituídos da glória de Deus. (Romanos 3:23)
Assim como os trabalhadores ficaram com inveja de quem só trabalhou uma hora e conquistou o mesmo salário, nós cristão ficamos com inveja dos ímpios que prosperam a nossa volta, do pecador que anda de carro zero ou do ateu que é bem sucedido e logo pensamos: “Deus, isso não é justo!”
"Porque (Deus) faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos." (Mateus 5 : 45)
A cruz de Cristo nos tirou da perdição e colocou a todos num mesmo nível, no mesmo patamar. Não há pessoas especiais, orações especiais, locais especiais; quem tem esses valores é a religião, mas não devemos ser religiosos.
Temos todos o mesmo valor porque fomos comprados pelo mesmo preço.