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"...Enquanto ensinarmos que o mundo é um lugar a ser evitado, que as mazelas humanas são fruto da ausência de Deus, que Deus não ouve os pecadores, que só a igreja evangélica é que detém os "diretos autorais" da salvação, que ser forte e inabalável é sinônimo de fé e que ser pecador é ser inimigo de Deus então ainda não entendemos o plano da salvação e o evangelho de cristo rebaixado apenas á mais uma religião...."

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Protesto na Marcha para Jesus - 2013

Por Vera Siqueira
Vaias. Frases de efeito: “Jesus te ama”, “vai se converter”. E por que tudo isso?Por conta das faixas a seguir:
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Sim, é isso mesmo. Fomos considerados “fariseus” porque portávamos faixas e camisetas com versículos bíblicos, versículos que deveriam fazer parte do livro que a multidão que seguia os trios-elétricos gosta de dizer que lê e estuda.
Pensando bem, não fomos vaiados. Quem foi vaiada foi a Palavra de Deus.
Um dos diálogos durante a marcha em São Paulo:
(um dos nossos, quando os versículos das faixas eram repudiados por uma manifestante): “Você precisa estudar a Palavra!
(manifestante): “Eu não quero a Palavra, eu quero é Jesus!
Esse diálogo nos explica muita coisa! Explica que muitos que seguem “marchando”, “pisando na cabeça de satanás” (como a oração do Apóstolo Hernandes pedia), “declarando vitória”, lá estão sem nem saber quem é realmente Jesus. Se soubessem, saberiam da importância de conhecer e estudar a Palavra. Saberiam que apenas o estudo da Palavra nos impede de cair na armadilha dos lobos devoradores e seus discursos cheios de meias-verdades que tendem a parecer verdade absoluta. Se o povo que se diz evangélico conhecesse e estudasse a Palavra, não haveria campo para a expansão da Teologia da Prosperidade e outras pseudo-doutrinas cristãs.
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Mas o povo, no geral, não quer a Palavra, pois estuda-la é chato, dá trabalho, toma tempo, as letrinhas são muito pequenas, o livro tem muitas páginas, haja paciência. O negócio é ir direto ao ponto, seguindo o ensino preguiçoso de muitos líderes: querer Jesus, como se esse querer fosse um comando mágico que mudasse nossa vida e história num piscar de olhos.
Não é assim. É preciso que nos despojemos de nós mesmos, que tomemos nossa cruz e O sigamos, e segui-Lo implica em fazer as coisas que Ele ensinou. E tudo isso só se aprende na Palavra de Deus.
Não ficamos chateados ou amedrontados por sermos alvo de vaias e frases que nos acusam de não sermos cristãos. O que nos chateia, frustra, magoa, entristece e até dá uma certa ira santa é ver tanta gente que se diz evangélica, cristã, mas que, como me disse outra manifestante, está vivendo a “modinha do momento”. Afinal, hoje o legal é ir na igreja, comemorar na balada gospel sem álcool, dizer que foi no congresso do apóstolo (?) do momento, participar do show gospel e da marcha para Jesus. Isso hoje em dia é até chique, é “da hora”, é muito bom diante da sociedade.
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Ser evangélico hoje é tão bom que nos damos até o direito, aqui no Brasil, de lutar pelos nossos interesses pessoais e políticos. A “modinha” pegou tanto e tão bem que hoje temos representantes em todos os setores do governo, incluindo uma “bancada evangélica”. Na verdade, estamos muito próximos de vir a ter um(a) presidente evangélico, e aí será a “glória”, pois os profetas de plantão finalmente bradarão aos quatro cantos que “o Brasil É do Senhor Jesus”.
Mas a Bíblia diz que ser seguidor de Jesus Cristo implicaria em sermos inimigos do mundo, ou seja, odiados e perseguidos.
Quem está errado nessa história? A Palavra de Deus ou os líderes que pregam a amizade com o mundo?
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Participando da Marcha para Jesus em São Paulo (e em qualquer outra nesse país) chegamos a conclusão de que a Palavra de Deus está errada. O mundo não é inimigo dos cristãos, o mundo não nos odeia. No trio-elétrico principal havia muitas autoridades políticas do mundo apoiando a Marcha e seus evangélicos.No palco principal teve discurso do governador Geraldo Alckmin, do ex-prefeito Gilberto Kassab, do representante da presidente Dilma, Gilberto Carvalho, além do arroz-de-festa gospel Marco Feliciano e outros mais.
Além de tudo isso os evangélicos, através de seus líderes, ficaram tão amigos do mundo que nos cerca que até se associaram ao que antes representava o mal supremo: as Organizações Globo. Atualmente a Globo investe no mercado gospel contratando cantores evangélicos, além de que no mês que vem teremos a Feira Internacional Cristã – FIC (com Mamom?), onde o mundo, digo, a Globo lucrará alegremente intermediando o mercado gospel em expansão.
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Será que a Palavra de Deus está errada, como nos faz pensar as “marchas” e o atual contexto de boa parte das denominações ditas evangélicas?
“Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se vós fósseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou.” – João 15:18-21
Apesar de tudo, havia algumas pessoas sinceras naquele lugar, como se era de esperar. Havia os que se ajoelhavam e oravam fervorosamente; os que liam e entendiam, ou pelo menos buscavam refletir, sobre o conteúdo das faixas. Um pai e seu filho se juntaram a nós em certo momento, portanto cartazes onde traziam de forma simples uma reflexão sobre a Teologia da Prosperidade. Uma senhora e sua filhinha portavam cartazes agradecendo e glorificando a Deus por curas recebidas.
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Poderia escrever mais sobre a Marcha, mas seria apenas a repetição de artigos das marchas anteriores. Deixo para apreciação (?) um vídeo com um resumo do que lá aconteceu: as vaias, as frases, pessoas se colocando na frente das faixas, estendendo roupas e bandeiras para tentar encobrir os versículos bíblicos que tanto lhes incomoda. Um festival de horrores.
Iniciei esse artigo com um diálogo sobre versículos que portávamos. E quero termina-lo com outra situação também relacionada com as faixas.
Duas crianças vestidas de forma bastante simples se aproximaram das faixas. A maiorzinha começou a ler para ela mesma e para a menor, de forma bem pausada:
“Se no Cristianismo prosperidade financeira é o que importa, 
Por que Jesus era pobre?
E disse-lhes Jesus: as raposas têm covis, e as aves dos céus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça – Lucas 9.58″
Após a leitura, as duas crianças sorriram e continuaram a caminhar felizes.
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Isso é o Evangelho puro e simples de Jesus: o que traz paz ao coração daqueles que são chamados de “bem-aventurados” por Jesus: aqueles que, para o mundo, não valem nada.
Voltemos ao Evangelho puro e simples,

O $how tem que parar!



Postado no site da Vera 


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