“Ave Maria cheia de graça o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres...”
Essa é a frase mais conhecida e citada entre os católicos. Uma reza que todo católico, praticante ou não, conhece de cor. Uma frase de reconhecimento, mesmo que ilegítima, da santidade e mediação de Maria entre Deus e os homens. Quem nunca ouviu ou leu a frase: “Pede para a mãe que o filho atende.”
Hoje está sendo reivindicado o título de medianeira para Maria. Muitos acreditam que a virgem é o elo de ligação entre o divino e o humano. Jesus não passa de uma figura de menor importância.
Apesar do assunto dar muito “pano pra manga” não quero falar sobre a deidade de Maria ou sobre o catolicismo. Quero me ater no que ela representa aos seus devotos: Santidade, mediação, admiração e devoção.
Nós como cristãos somos especialistas em nos acharmos a raça eleita, os queridinhos de Deus na terra e condenamos os católicos por eles colocarem Maria no lugar de Jesus, até citamos o versículo “Deus não divide sua glória com ninguém”, e, na verdade, temos razão em dizer isso. Mas o problema é que fazemos a mesma coisa que os católicos fazem, sei que você deve estar pensando orgulhosamente: “Não! Eu não adoro Maria, não acho que ela é santa e nem é minha intercessora!”. E eu acredito em você. Mas infelizmente, sim! Fazemos a mesma coisa que os católicos. Apenas trocamos a figura de Maria por uma outra qualquer mas o sentimento de dependência e devoção é o mesmo.
Muitos evangélicos não têm Maria como objeto de admiração excessiva mas têm o pastor, o apóstolo, o líder ou o discipulador como tal.
Hoje Maria se “encarnou” nos super stars gospel e a infabilidade papal se encontra nos líderes inerrantes quando falam ex-cathedra.
Muitos evangélicos têm nos seus líderes uma imagem, uma dependência e uma mediação muito similar aos católicos. Se eles têm peregrinações nós também, os gideões missionários – GMUH - em Camburiu é um evento aguardado o ano inteiro e seus “devotos” viajam milhares de quilômetros, alguns sem dinheiro para a volta, para adorar no “grande templo” e ouvir as palavras dos gurus, há quem diga que é uma viagem obrigatória para os cristãos, uma romaria gospel. O sonho de muitos pregadores é pregar lá um dia. Pura Vaidade!
Nossos lideres incentivam a veneração de si próprio, sob pena, não de excomunhão, mas de “se levantar contra o ungido do Senhor” ou de “rebeldia”. E como as ovelhas são ingênuas! Levadas por ventos de doutrinas se espelham em homens, confiam em braços humanos e dependem de suas orações. Fazem do líder um mediador, pedindo incontáveis imposições de mãos e são dependentes de intercessões. Estão debaixo de uma pseudo cobertura espiritual, e se é espiritual como pode ser feita por um humano? Maria é para os católicos o que muitos líderes são para os evangélicos – Mediadores, coberturas, intercessores.
É muito mais fácil entregar a responsabilidade sobre o líder do que ter um relacionamento com Cristo e buscar na fonte. Assim como no catolicismo Jesus perde espaço para Maria, nos evangélicos Ele é ofuscado pelo brilho de lideranças cheias de glória. Agendas sempre lotadas, seguranças, carros de luxo, helicópteros, jatos, programas de TV , são inacessíveis, não se misturam com o povo, a cada dia mais se parecem com astros e menos com Cristo.
Cristão dependentes da intervenção de terceiros para se relacionar com Deus ou para tomar atitudes na vida, pisam na graça e ressuscitam um período em que Deus só falava com pessoas especiais. Pedem aprovação do líder para começar um curso, trocar de emprego , namorar ou casar. Buscam a benção do pastor e não a de Deus, algo do tipo “Pede para o apóstolo que o Pai atende”.
Assim como os católicos consideram Maria eternamente virgem, ou seja, pura, alguns evangélicos fazem da santidade do seu líder uma cláusula pétrea não importa se o líder for pego em flagrante, cometendo algum crime, se fica preso por meses, se é cassado no cargo político ou se é fotografado saindo de um hotel com uma mulher que não é a sua. Ele sempre será considerado puro.
Querido amigo, vamos combinar uma coisa, nós, até precisamos em certo ponto, mas não dependemos de ninguém para nos achegarmos a Deus, não precisamos de intercessores, mediadores, cobertura espiritual, discipulador,pastor, apóstolo, bispo, nem de ninguém, sabe porque? Porque “Deus é por nós” e se o próprio Deus é por nós pra que precisamos de humanos nesse ofício? O véu foi rasgado e o Deus que fala com eles é mesmo que fala conosco, a bíblia que eles lêem é a mesma que a nossa, o Espírito Santo que lhes revela é o mesmo que nos revela e quem morreu por eles também morreu por nós. Lembre-se o Espírito foi derramado sobre TODA a carne, até sobre os ímpios (isso é assunto pra um outro artigo).
Antes de sair falando sobre os católicos analise antes se você não tem nenhuma Maria em sua vida e inconscientemente faz essa oração:
Ave líder, cheio de unção, o Senhor é convosco, bendito sois vós entre os homens...
Pense nisso,
Leia mais sobre o assunto em: Jesus e seus devotos
Sola Gratia
Destaques
"...Enquanto ensinarmos que o mundo é um lugar a ser evitado, que as mazelas humanas são fruto da ausência de Deus, que Deus não ouve os pecadores, que só a igreja evangélica é que detém os "diretos autorais" da salvação, que ser forte e inabalável é sinônimo de fé e que ser pecador é ser inimigo de Deus então ainda não entendemos o plano da salvação e o evangelho de cristo rebaixado apenas á mais uma religião...."
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
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